Durante o período eleitoral, a palavra ‘corrupção’ está em alta. O conceito da corrupção está embasada no no uso do poder, seja público ou privado, para se ter algum tipo de benefício ou ganho para si. De acordo com o médico psiquiatra Alberto Iglesias, o problema é complexo e multifatorial, e inclui questões culturais, morais e religiosas dos indivíduos.
Nas ultimas décadas a ciência tenta entender quais questões psicopatológicas são mais prevalentes nestes casos. Para o médico, a corrupção pode ser uma doença, ou pior, um transtorno de personalidade. Para a psiquiatria, só pode ser considerada uma pessoa normal aquela que não mata, não estupra e não comete atos ilícitos como a corrupção. Sendo assim, em princípio, todo corrupto sofreria de um transtorno de personalidade.
“Tem alguma coisa no desenvolvimento mental que não foi adequado. Ele é um doente mental, tem três transtornos de personalidade nas quais o indivíduo corrupto freqüentemente se encaixa: transtorno de personalidade anti-social, transtorno narcísico e o transtorno borderline de personalidade” relata.
O médico explica que o corrupto anti-social é aquele que transgride a lei sem se importar com o prejuízo que está causando ao outro, e sem nenhuma culpa por isso. Muitas vezes, a população banaliza atos de corrupção no dia a dia, como suborno de agentes de trânsito ou outros tipos de fiscalizações. “Quer levar vantagem em tudo. É o indivíduo que fura fila, para em fila dupla, que suborna o guarda” relata.
Já o corrupto borderline é impulsivo e facilmente se descontrola. “Instável, passa do amor ao ódio em segundos. São as pessoas, por exemplo, que tem relações como se diz por aí, entre tapas e beijos” explica.
O último tipo é o corrupto narcísico que tem mania de grandeza e uma enorme necessidade de ser admirado o tempo todo. “É facilmente encontrado na política e na religião. Diz que tem uma missão salvadora. É o indivíduo que, mesmo perdendo o poder, não perde a pose” diz.
Para o psiquiatra, se o político que chega honesto no poder e se corrompe. Ele já tinha esse transtorno de personalidade. “ Se isso aconteceu diante da possibilidade? Tem o ditado que diz: a ocasião faz o ladrão. Mas nem todas as pessoas dentro de ocasiões favoráveis vão roubar. O corrupto já nasce corrupto: Todos os transtornos de personalidade têm um aspecto genético. Mas a contribuição do ambiente, de um ambiente permissivo no desenvolvimento nesse tipo de comportamento é importante também. O fator ambiental pesa mais que o genético”
Segundo o especialista, o comportamento corrupto é algo que deve ser considerado completamente irreversível e incurável. O que a sociedade deve fazer é conter essas pessoas limitando seus poderes, sejam poderes políticos ou profissionais, para que eles não tenham um cenário, um contexto favorável ao exercício da corrupção.
Corrupção é ato de cometer atitudes ilícitas com o intuito de conseguir vantagem financeira ou mais poder. “O típico corrupto é o indivíduo que busca driblar regras em benefício próprio, sem levar em consideração outras coisas que não o próprio benefício. Afirmo que esse tipo de comportamento é causado por um transtorno de personalidade, que pode ser definido de forma mais clara como sendo um defeito do caráter. Esse personagem é constantemente atraído para situações em que se conhecem possibilidades de obtenção de vantagens diversas com facilidade e, por isso, há proliferação desses indivíduos no meio político”, finaliza o médico.